Importância das macrófitas aquáticas na engenharia sanitária e ambiental

Importância das macrófitas aquáticas na engenharia sanitária e ambiental

 

 

 

As macrófita aquáticas, como o próprio nome sugere (macro = grande, fita = planta), são as plantas aquáticas que podem ser vistas a olho nu. Devido às diferentes características dos vegetais pertencentes a esse grupo, eles são preferencialmente classificados quanto ao seu grau de adaptação ao meio aquático, podendo submersas, emergentes, com folhas flutuantes ou flutuantes livres.

 

Assim como outros vegetais, as macrófitas aquáticas podem desempenhar papel de bioindicadoras, ou seja, indicam o estado biótico ou abiótico de um ambiente. No caso das macrófitas, esse ambiente seria o corpo hídrico. 

 

Um fenômeno indesejável em corpos hídricos é a eutrofização, pois deteriora a qualidade da água. Isso ocorre em caso de excesso de matéria orgânica, que culmina no estímulo de produção de algas e macrófitas aquáticas. A presença de “Aguapé”, “Alface-d’água” e “Orelha de Rato” podem indicar um maior grau de eutrofização, visto que se desenvolvem melhor em ambientes com altas concentrações de nutrientes. Por outro lado, a presença de “Lírio-d’água” e “elódea” indicam o oposto, sendo indicadoras de ambientes menos poluídos.

 

Figura 1: Aguapé (Eichhornia crassipes)

Fonte: Bayer Jovens, 2019.

 

Em algumas situações as macrófitas aquáticas podem contribuir para o processo de deterioração da qualidade da água, no entanto, desempenham importante papel ambiental. Esses vegetais podem servir como alimento para algumas espécies e até mesmo como abrigo para outras menores. Além disso, podem proporcionar sombreamento, protegendo espécies mais sensíveis à radiação solar e contribuindo para manutenção da biodiversidade. 

 

A estrutura física das macrófitas aquáticas é capaz de fixar partículas finas e microrganismos, o que é muito útil, visto que contribuem para a redução da carga orgânica no ambiente, diminuindo o risco de eutrofização. Esse conhecimento é de grande importância ao se pensar na qualidade da água, seja para sua manutenção ou melhoria.

 

Sabendo que as macrófitas aquáticas podem agir como uma espécie de biofiltro, esse conhecimento pode ser aplicado pela engenharia sanitária e ambiental por meio da fitorremediação (fito = planta, remediação = ato de remediar, melhorar) e tratamento de águas residuais (esgotos). 

 

Ecossistemas naturais como várzeas dos rios, manguezais e pântanos podem ser reconhecidos como “wetlands”. A engenharia replica esse sistema de forma controlada, chamando de “wetland construído”. Esse ambiente alagado artificial maximiza o processo de despoluição por meio do controle de suas condições, o que não é possível em um ambiente natural. 

 

Figura 2: Exemplo de estrutura de Wetland construído

Fonte: L & L Engenharia Ambiental, 2018 (Adaptado).

 

A despoluição da água é possível porque a macrófita filtra, absorve e elimina parte das substâncias presentes na água. Isso pode ser útil de diferentes formas, um exemplo disso seria por meio da redução da presença de cloreto em efluentes (esgotos) domésticos. Altas concentrações de cloreto resultam na formação de crostas nas tubulações, barrando o fluxo de água. Por meio de processos vitais das macrófitas é possível reduzir grande parte da concentração de cloreto (e outras substâncias) da água, melhorando a sua qualidade final.  

 

As macrófitas aquáticas tem grande importância ambiental, e podem ser facilmente incluídas em projetos de engenharia para melhoria de processos. Mimetizando o que já acontece na natureza, é possível melhorar a qualidade da água utilizando processos mais eficientes e menos dispendiosos. 

 

Referências:

 

PIRES, F.R. et al . Fitorremediação de solos contaminados com herbicidas. Planta daninha,  Viçosa ,  v. 21, n. 2, p. 335-341, ago.  2003.   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-83582003000200020&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 22 Jun 2020.  

 

POMPÊO, Marcelo. MONITORAMENTO E MANEJO DE MACRÓFITAS AQUÁTICAS EM RESERVATÓRIOS TROPICAIS BRASILEIROS. Instituto de Biociências – IB/USP.  São Paulo, 2017. Disponível em <http://ecologia.ib.usp.br/portal/macrofitas/all_book.pdf> Acesso 22 jun. 2020.

 

Universidade Federal de São Carlos. IMPORTÂNCIA DAS MACRÓFITAS AQUÁTICAS

Disponível em <http://www.ufscar.br/~probio/info_importancia.html> Acesso em 22 jun. 2020.

 

DIAS, Fernando Silva et al. APLICAÇÃO DE MACRÓFITAS AQUÁTICAS PARA TRATAMENTO DE EFLUENTE DOMÉSTICO. Revista Ambiental. V. 2 , n. 1 , p. 106 - 115, Out./15 a Jun./ 2016.